2 ANOS DEPOIS, 1 ANO DEPOIS, DE VOLTA AOS PENSARES A VULSO

Passaram praticamente 2 anos em que não partilhava (n)os meus “Pensares a Vulso”.

Em 2 anos muita coisa passou e efectivamente mudou.
Na minha vida, no país e no mundo.

Pode parecer um cliché, mas corresponde inteiramente à verdade. Veja-se aliás o último post intitulado “Temos Governo”, corria então o ano de 2009 e foi escrito depois do PS vencer as eleições legislativas renovando o seu mandato embora perdendo a maioria.

Na verdade, bem poderia ser novamente o título de um post de reentre na blogosfera, afinal, ainda há bem pouco tempo e em pouco tempo, a oposição levou à demissão do governo e provocou eleições antecipadas, das quais resultou a maioria de direita que actualmente governa o país.

Todavia, esta foi apenas parte da mudança…a maior ocorreu na forma como hoje vejo, sinto e encaro a vida. Se dúvidas houvesse sobre a minha fragilidade ou capacidade de encarar os maiores desafios, ficaram anuladas depois de 14 dias no hospital, vários meses de reabilitação, a lutar diariamente para manter o discernimento e ser suficientemente forte para voltar, entendo cada vez mais, que cada desafio que a vida nos coloca directa ou indirectamente torna-se um exemplo para que o dia a seguir seja mais ou menos cruel conforme a crueldade natural de quem vive com os pés no chão mas subitamente levita num sonho que é a única coisa que o mantêm acordado.

São as estranhas sombras que aparecem, que nos fazem ser mais exigentes, ao ponto de exigirmos a nós próprios que chegou a hora de parar!

E este foi, é e certamente será o maior desafio da minha vida!

Nunca falei sobre o assunto, tenho dificuldade em perceber, ainda que compreenda, porque sempre entendi as situações limite.

Tenho agora 26 anos, o que faz com que caminhe a longos passos para a chamada idade que ninguém quer e todos lá param. Aflige-me sempre cada vez que a mão treme, o pé adormece, embora a maioria das vezes não seja nada, comparado com o que foi a 6 de Setembro! Dou por mim, lunaticamente “doente” ao mínimo sintoma. Dizem-me que é normal!

Vai fazer quase um ano. E nunca mais voltou a ser o mesmo, embora sinta que sou a mesma coisa, mais empenhada, mais comedida mas a mesma coisa, apenas, mais cansada.

Se a reabilitação foi considerada record por quem entende da reabilitação de AVC, entendo em mim que demorou séculos, pela concentração que diariamente me exigiu.

Mas sozinha nada fiz, como diz o poeta, sozinha nada sou, cada passo foi um passo colectivo, cada palavra uma palavra colectiva, cada letra uma frase colectiva.

Tudo devo aos médicos neurologistas que me acompanharam, à minha magnifica terapeuta da fala, à minha médica de família, à minha fisioterapeuta e claro, à minha família, à minha família política e à família que trabalha diariamente comigo e que foram incansáveis para me motivar e levantar, aos camaradas que estiveram sempre comigo, aos meus verdadeiros amigos e claro àqueles que se revelaram positiva e negativamente, como aliás, é natural quando caímos e nos voltamos a levantar!

Passado um ano do acidente e dois dos “Pensares a Vulso” sou mais Forte, embora frágil, mais Corajosa e muito mais Selectiva!
De tudo, resta-me a palavra que tudo dá - GRATIDÃO!

Tentarei não passar 2 anos sem aqui passar.

Partilharei convosco alguns “escritos” que foram feitos durante o último ano e que oportunamente poderão aqui ser colocados. Depois, de volta ao que respiro: política nacional, concelhia, arte, musica, cinema, pensares, prosa, poesia…eu!

Acerca de mim